ACHADOS HISTÓRICOS DE MINEIROS DO TIETÊ

 

MUTIRÃO PARA CASAS POPULARES (PROJETO MORADIA ECONÔMICA)

A atual administração implantou o sistema "mutirão" para construir 112 casas populares. Os beneficiários receberam da Prefeitura os lotes de terras, plantas já aprovada, sendo que as lajotas, pedras, terras e materiais para a cobertura das casas, estão sendo financiados em prestações. Constam ainda nos planos do Prefeito Municipal José Dirceu Alves, novos investimentos no setor de moradias populares.

INTERNATOS PARA IDOSOS

CASA SÃO VICENTE DE PAULO

A fundação desse abrigo de idosos se deve a alguns membros da Ordem Vicentina - de Mineiros do Tietê. Por volta de 1943, os senhores Natal Levorato, Antonio Tavares Bueno, João Peceguini e Joaquim Ferreira Henriques, compraram um grupo de pequenas casas na rua Dr. Antonio Teixeira Sobrinho, nas proximidades do atual Centro Catequético, dando assistência a várias famílias pobres.
Em 23 de abril de 1961, sob a iniciativa de Joaquim Ferreira Henriques, que viria a ser o primeiro presidente da entidade, a Casa São Vicente de Paulo foi legalmente constituída, definindo sua diretriz básica de abrigar idosos carentes, e sem finalidades lucrativas. Atualmente esse asilo se localiza na rua Antonio Botelho, n° 774, tendo na presidência Neide Testa Feltre e como Vice seu marido, Avelino Feltre. É uma entidade de orientação Católica e puramente filantrópica.


LAR ESPÍRITA "JOSÉ GONÇALVES"

Esse abrigo para idosos foi inaugurado em 9 de novembro de 1940, quando era Presidente do Centro Espírita o senhor Fernando Martinez (fJ1ho de Marcelino Martinez, que fundou a unidade espírita mineirense em 22 de março de 1923). O Lar Espírita abriga atualmente 18 idosos de ambos os sexos, fornecendo-lhes alimentação, roupas, recreação e assistência médica gratuitas. Seu nome é uma homenagem a José Gonçalves da Silva, assistente social do Centro Espírita na época em que o Lar foi fundado.

O atual prédio do Lar Espírita foi inaugurado em 30 de agosto de 1974, localizando-se na rua Municipal, nº. 345, em substituição ao antigo que ficava situado na mesma rua. Atualmente acumula a presidência do Lar e do Centro Espírita o senhor Orson Peter Carrara.

CASAS DE ATENDIMENTO AOS MENORES

CENTRO DE PROMOÇÃO SOCIAL DE MINEIROS DO TIETÊ

Mesmo sendo encarregado da distribuição de leite em pó e mantimentos à
população carente, o Centro de Promoção Social engloba duas áreas básicas de atendimento ao menor: o Berçário "Dr. Pedro Antonio Mercadante" e a Escola de Educação Especial "Carinho" que atende aos excepcionais.

Fundado em 28 de agosto de 1978 pelo prefeito Dr., Luiz Mercadante, teve como primeira presidente a senhora Neuza Thereza Mercadante. Essa instituição foi considerada de utilidade pública pela Lei municipal nº. 214, de 04 de março de 1980. Está localizado na rua Municipal, nº. 445, tendo como atual Presidente a senhora Maria Aparecida Pinho Palumbo Alves.

A HISTÓRIA DO TERRENO DA CASA DA CRIANÇA

O terreno em que atualmente está instalada a Casa da Criança pertencia antes à Igreja Católica. Em escritura passada em 31-07-1887, Antonio de Paula Garcia e sua mulher doaram uma pequena gleba para a formação do patrimônio da Paróquia, o mesmo acontecendo em 15-08-1887 com a doação de uma gleba vizinha por Cândido José de Souza e sua mulher, saídas ambas de uma chácara de 3 alqueires.

Juntas, essas duas doações formavam uma área de 2.125 metros quadrados, mas não foram incluídas na Provisão que autorizou a construção da Igreja Matriz em 1887, passada pelo Bispo de São Paulo, D. Lino Deodato Rodrigues de Carvalho.
Também em 1910, a Provisão que criaria a Paróquia novamente não as relacionou; como os doadores não eram condôminos da fazenda Mineiros, não seria insensato deduzir que também eles buscavam uma escritura oficial de doação, procurando legitimarem-se como proprietários.

E em 8 de maio de 1973, a Mitra Diocesana de São Carlos doou essa área de 2.125 metros quadrados à Casa da Criança, sendo que doação foi feita sob a condição de ser mantida a direção católica na Casa da Criança de Mineiros do Tietê e no caso de dissolução passará os bens imóveis para outra instituição congênere assistencial a critério da autoridade eclesiástica, conforme consta na escritura pública de doação (Livro 81, fls. 112-verso, passada em Jaú).

Como Presidente da instituição, coube à professora Aldagisa Miranda Bueno (mais conhecida como "Dona Maninha"), assinar a escritura pela Casa da Criança, exercendo ela, ainda hoje, a direção da entidade. A Casa da Criança havia sido fundada em 22 de outubro de 1955, sendo legalmente constituída em 22 de outubro de 1961. É considerada de utilidade pública por leis do Município, do Estado e do Governo Federal.

INFORMAÇÕES GEOGRAFICAS

Informações Gerais

Latitude: 22° 17'
Longitude: 48 C

ALTITUDE MÉDIA: 639 m. em sua sede municipal.

LOCALIZAÇÃO: Área central do Estado, no Planalto Ocidental Paulista; na região conhecida popularmente como vale do médio Tietê. Micro-região de Jaú.

SUPERFICIE: 198 Km2.

CLIMA: Tropical úmido

LIMITES: Norte: Jaú e Dois Córregos. Leste: Dois Córregos. Sul: São Manuel. Oeste: Barra Bonita.

SOLO: No Planalto Ocidental a rocha comum é o arenito, resultando em solos pobres, arenosos e facilmente erodidos. Nesse mesmo Planalto, contudo, aparece o mais rico tipo de solo do País, a famosa terra roxa, resultante da decomposição do basalto. Mas são manchas (de terra roxa) que afloram num solo que tem como característica geral o estrato de arenito. Essas manchas de terra roxa não ocupam, porém, mais do que 2% da área total do estado de S. Paulo.

FORMAÇÃO SERRANA formação serrana que acompanha o lado esquerdo do rio Tietê recebe sucessivamente,
no município de Mineiros do Tietê, os nomes de serra Saldanha Marinho (ou serra do Morro Alto), serra do Saltinho e serra do Banharão. A principal elevação é o morro da Pedra Branca, no baixão da serra Saldanha Marinho (ou Morro Alto).

CURSOS D'ÁGUA

Tietê é o principal, hoje transformado num grande lago regional, depois da construção da represa de Barra Bonita. Essas águas servem de divisa entre os municípios de Mineiros do Tietê e São Manuel. Ribeirões: ribeirão São João, ribeirão da Prata, ribeirão Maurício Machado (córrego da Onça), ribeirão da Água Vermelha, ribeirão Três Barras e ribeirão Ave Maria. Córregos (somente os principais): córrego Jacutinga, córrego Santa Estefânia, córrego Gavião, córrego do Borralho, córrego da fazenda Três Barras.

SALTOS

O salto D. Pedra 11, com cerca de10 metros de altura, é o mais importante do Município. Localiza-se no ribeirão São João, em área urbana hoje denominada Parque Ecológico (gestão de José Figueiredo).

DIVISAS DO MUNICÍPIO

O Decreto-Lei Estadual nº. 9.775, de 30 de novembro de 1938, estabeleceu novas divisas para o município de Mineiros, então pertencente à comarca de Dois Córregos. Esse Decreto aumentou a superfície municipal passando a abranger Saldanha Marinho, a estação Falcão Filho, (até às proximidades de Campos Salles), a estação velha do Banharão e o Porto Maurício Machado. E foi cedida à cidade de Barra Bonita a fazenda São Pedro (na Água Sumida), e a Dois Córregos as fazendas Santa Leocádia e São Silvestre, no bairro do Gavião. Toda a zona dos Campos passou, portanto a fazer parte do município de Mineiros. E o Decreto de 19/01/1945 confirmaria estas divisas.

COM O MUNICIPIO DE JAÚ

Começa, no espigão mestre Tietê Jaú, em frente à cabeceira do córrego da fazenda Ferraz do Amaral, vão daí em reta à barra do córrego Jacutinga, sobem por aquele até sua cabeceira, ganham a cabeceira mais meridional do córrego Santa Estefânia e por este abaixo até o ribeirão São João e por este ainda até à boca do córrego Gavião.

COM O MUNICÍPIO DE DOIS CÓRREGOS

Começa no ribeirão São João, onde deságua o c6rrego Gavião, sobem por este até sua cabeceira mais meridional, vão daí em reta à cabeceira mais meridional do córrego do Borralho, prosseguem pelo divisor que deixa, à direita, as águas do ribeirão São João e, à esquerda, as do ribeirão da Prata, afluente do Turvo, até cruzar com o espigão que deixa à esquerda as águas deste último e, à direita, as do ribeirão da Água Vermelha, pelo qual caminha até frontear a cabeceira mais setentrional do ribeirão Maurício Machado, pelo qual descem até o rio Tietê.

COM O MUNICÍPIO DE SÁO MANUEL

Começa no rio Tietê, onde faz barra o ribeirão Maurício Machado e vão pelo rio abaixo até a embocadura do ribeirão Água Vermelha.

COM O MUNICÍPIO DE BARRA BONITA

Começam no rio Tietê onde descarrega o ribeirão Água Vermelha, sobem por este até a embocadura do c6rrego da fazenda do Doutor Wernek e vão por este acima até sua cabeceira mais setentrional, continuam pelo espigão que deixa, à direita, as águas do ribeirão das Três Barras, até a confluência do c6rrego da fazenda Três Barras, no último ribeirão e daí em reta, à nascente do Córrego da fazenda Francisco, e deste ponto, em reta à nascente da água da fazenda Boa Vista e, depois, atingem o espigão mestre Tietê-Jaú, no cruzamento do contraforte que deixa, à esquerda, as águas do ribeirão Ave Maria, onde tiveram início estas divisas.

SÍMBOLOS OFICIAIS DO MUNICÍPIO

O BRASÃO

O Brasão de Armas da Cidade e Município de Mineiros do Tietê, idealizado pelo Dr. Lauro Ribeiro Escobar, com base no projeto do Rev. Pe. Francisco Buck Ferreira, foi adotado a partir da aprovação da Lei nº. 49, de 12 de agosto de 1974, aprovada pela Câmara e sancionada pelo Prefeito Municipal, José Figueiredo.
Essa mesma Lei, em seu Artigo 30, dá estas explicações sobre a figura do Brasão:

I - O escudo redondo, ou ibérico, era usado em Portugal à época do descobrimento do Brasil e sua adoção representa homenagem do Município de Mineiros do Tietê aos primeiros colonizadores e desbravadores de nossa Pátria.
II - O metal ouro é representativo de riqueza, esplendor, glória, nobreza, poder, força, fé, prosperidade, soberania e mando, lembrando que pelo esforço conjugado dos munícipes, à fé no grandioso futuro que nos espera, poderá o Município de Mineiros do Tietê, aspirar ao esplendor, à prosperidade e à glória.
III- A banda ondada de Blau (azul), lembra a riqueza hidrográfica do Município e em especial o lendário rio Tietê, rota dos audazes bandeirantes e ainda o salto D. Pedro II.
IV - A cor blau (azul) tem o significado heráldico de justiça, formosura, doçura, nobreza, firmeza incorruptível, virtude, dignidade, zelo e lealdade, representando os atributos de administradores e munícipes.
V - A coroa imperial, do Segundo Império, de ouro forrada de sinople (verde), evoca a visita que S.M.I D. Pedro 11, o Magnânimo, fez ao Município, hospedando-se em local que é conservado carinhosamente pelo povo mineirense como marco histórico.
VI - As estrelas indicam esplendor e nobreza, luz nas trevas da noite, guia seguro, aspiração a coisas superiores e às ações sublimes, esperança de sucesso em empresa arriscada, lembrando os naturais de Minas Gerais que se instalaram no local onde se situa o Município, dando lugar ao atual nome deste.
VII - A cruz latina de blau (azul) indica a profunda fé cristã do povo de Mineiros do Tietê, e da primitiva Capela de Santa Cruz erigida nos primórdios da povoação. A cruz, juntamente com as palmeiras, se investe de significado parlante, evocando o primeiro nome do povoado, Santa Cruz das Palmeiras. Lembra ainda a cruz, o Santíssimo Padroeiro do Município, Senhor Bom Jesus.
VllI - A coroa mural é o símbolo da emancipação política, e, de prata, com oito torres, das quais apenas cinco estão aparentes, constitui a reservada às cidades. As portas abertas de sable(preto) proclamam o caráter hospitaleiro do povo de Mineiros do Tietê.
IX - O ramo de cafeeiro e a haste de cana de açúcar, ambos produzindo, afirmam a fertilidade das terras generosas de Mineiros do Tietê, de que constituem importantíssimos produtos.
X - No listel, a divisa "Virtus ex honore", isto é, valor que decorre da honra, é a tradicional do Município, hino de gloria dos mineiros tieteenses para louvar a terra natal e que proclama: - "A honradez de teus filhos é o pedestal da tua força".

Já o Artigo dessa Lei, determina que o uso do Brasão seja exclusivo dos
Poderes Públicos Municipais.

A BANDEIRA MUNICIPAL

A Lei nº. 49, de 12 de agosto de 1974, que institui o Brasão, também adota a Bandeira do Município, onde conste o Brasão; em seu Artigo 50., é descrito o formato da Bandeira:

“... de formato retangular, de amarelo, com uma banda ondada de azul, carregada do Brasão de Armas a que se refere o Artigo 'JY. e acompanhada de duas estrelas de cinco pontas de azul."

Já o Artigo 60., estabelece as medidas oficiais desse símbolo:
"A Bandeira ora instituída tem as proporções da Bandeira Nacional, isto é, 14 (catorze) m6dulos de altura por 20 (vinte) m6dulos de comprimento; a banda tem 6 (seis) m6dulos de largura, o Brasão de Armas 4,5 (quatro e meio) módulos de altura e as estrelas se inscrevem em um círculo te6rico de 4 (quatro) m6dulos de diâmetro."

O Artigo 70., por sua vez, estabelece que a apresentação e honras devidas aos símbolos de Mineiros do Tietê, devem ser reguladas, no que couber, pela legislação federal.

O BRASÃO ANTIGO

Quando o padre Francisco de Sane Buck Ferreira fez o esboço de um brasão e redigiu seu texto heráldico, o desenho final desse primeiro brasão foi feito por Renato Belucci; e ele foi logo adotado e divulgado entre a população.

Mas a Lei 49, que instituiu o novo brasão, criado pelo mesmo padre, não dá nenhuma explicação sobre a extinção do brasão anterior. O brasão atual tem uma vantagem sobre o antigo: possui traços mais suaves. Mas não deixa de ser uma cópia modificada do brasão anterior. E, além disso, razões de ordem artística não justificam a substituição de um símbolo oficial. Seus principais atributos são a tradição e o respeito popular. Não fosse isso, nosso Hino Nacional, de letra longa e demasiadamente romântica para os tempos que correm já teria sido mudado há décadas.

O FOLCLORE

FESTA DE SANTO ANTÔNIO

A Festa ao padroeiro Santo Antônio de Pádua é a mais importante e antiga do Município; a benção oficial ao Oratório da capela de Santo Antônio foi feita em 10 de junho de 1904, realizando-se a procissão no dia 13 seguinte.

Em 7 de fevereiro de 1908 foi realizada outra importante procissão, em louvor a Santa Luzia, mas essa tradição não perdurou. Em 1954 a capela de Santo Antônio foi demolida, sendo reconstruída a partir daquele ano, sendo que a benção da pedra fundamental aconteceu em 20 de fevereiro de 1954, com a presença do Bispo da Diocese de S. Carlos. A antiga capela de Santo Antônio, inaugurada em 1904 e demolida em 1954

A Procissão em louvor a Santo Antônio, bem como a famosa quermesse (a tômbola, o correio-elegante, o churrasco e o leilão de gado sempre atraíram visitantes das mais diversas cidades), exemplificam uma cultura popular que se fortalece com o passar dos anos.

PROCISSÃO DE SANTO ANTONIO, DÉCADA DE 1950

Na década de 1960, tendo a frente o padre Alfredo do Rio. (Eram três irmãos mineirenses, todos os padres, chamados carinhosamente de "os três do Rio", parodiando assim o nome de um famoso conjunto musical daquela época).


O UNHUDO DA PEDRA BRANCA

A Pedra Branca, principal elevação do município de Mineiros do Tietê, fica no baixão da serra de Saldanha Marinho, também conhecida como serra do Morro Alto. E possui uma história muito rica, onde lenda e realidade sempre andaram juntas.

O causo mais conhecido é o "Unhudo da Pedra Branca", uma história de tradição oral que fala de um homem cabeludo e de grandes unhas; ele moraria, segundo a lenda, em uma caverna oculta na Pedra. Como as matas da Pedra Branca possuem muitas jabuticabeiras silvestres, conta-se que o Unhudo não aceitava a presença de estranhos a catar jabuticabas. Um desses intrusos levou um tapa do Unhudo e foi acordar no outro lado do rio Tietê, em Santa Maria da Serra, três dias depois de ser atacado pelo homem da caverna.

O caboclo Antenor Vieira de Almeida (24), antigo conhecedor daquelas paragens do Morro Alto, pois morou bem próximo dali (na fazenda Velha, que no início deste século pertenceu ao coronel Horácio de Almeida Nobre), narra um causo acontecido com o sitiante José Ramos, que morava nas vizinhanças da Pedra Branca.

Em sua narrativa, Antenor diz que José Ramos estava trepado numa jabuticabeira, na mata da Pedra Branca, quando ouviu algo se arrastando entre as árvores. E foi o próprio José Ramos quem lhe afirmou que o Unhudo não mostrava ter pele como um homem comum; parecia feito de um couro seco de animaI, encimado por um chapéu de palha todo desfiado. E então o Unhudo avisou que aquela jabuticabeira era dele e não podia ser tacada. Como José Ramos já estivesse com a mão na garrucha, ao ouvir aquilo disparou um tiro no Unhudo, e a partir daí não viu mais nada. Acordou em lugar distante, passou três dias perdido no mato, até ser encontrado pelos seus filhos, que o levaram de volta para casa.

Essa história foi repetida a este autor pelo caboclo Antônio Pereira, que também morou nas cercanias do Morro Alto e atualmente trabalha na fazenda de "Dudu" Aranha, no alto daquela serra. Acrescentou ainda Antônio Pereira que o Unhudo às vezes se escondia atrás dos troncos secos de árvores, e se acaso passasse alguma boiada, então imitava a fala cantada que os boiadeiros usavam para tocar seu gado:
- Ôoooh, ôoooh, boi!...

OS RODEIOS

Por volta de 1918, as corridas de cavalo eram a grande diversão dos mineirenses. Todo domingo era "dia de raia", ficando famosa a égua de propriedade do Clivanha, que costumava vencer todas as corridas de que participava.

A atual rua Allan Kardec era um dos locais preferidos para as corridas, feitas em linha reta e com bom número de apostas. Elas atraíam proprietários de animais das cidades vizinhas, além de vendedores com barracas de doces, frutas, etc.

(24) . Antenor Vieira de Almeida. Nascido 6 de setembro de 1907 em Muzambinbo-MG. Aos 7 de idade veio com seus pais pelo em carro de boi de mudança para a fazenda Velha (bairro de Ventania, Dois Córregos), ali morando, na cidade de Dois Córregos.

Inauguração da rua Allan Kardec, em 30-03-1969. Essa rua foi um dos locais preferidos para as corridas de cavalo de antigamente. Muito embora a tradição das corridas se tenha perdido, a eterna relação do homem com o cavalo jamais se extinguiu em Mineiros, um Município de fortes tradições rurais, principalmente no ato de domar animais.

Tanto que em 27 de setembro de 1987 foi fundada a Companhia de Rodeios Espora Dourada, de Deoclécio Antonio Paro Junqueira, sediada na fazenda Pedra Branca. Essa companhia possui 30 touros e 30 cavalos, empregando um número que varia de 40 a 50 peões.

O rodeio, parte integrante da cultura popular paulista, vem sendo praticado pelo grupo que se formou em Mineiros do Tietê e requisitado constantemente para apresentações em outros municípios, a provar que essa arte resiste gloriosamente ao tempo.

CRIMES FAMOSOS

A MORTE DO SUBDELEGADO FERRINHO

José Ferrinho Teixeira morreu assassinado em 16 de maio de 1897. Como naquele dia houvesse faltado o titular da Subdelegacia, Ferrinho o substituiu, por ser o 21! Subdelegado nomeado. Na noite do crime ele saiu acompanhado pelo Inspetor de Quarteirão Adolpho Ribeiro dos Santos, para fazer a ronda noturna. Eram mais de sete horas da noite quando os dois entraram na Cervejaria Santa Cruz, no largo da Santa Cruz, de propriedade de Antonio Juliani. Esse estabelecimento se localizava onde hoje está o n° 245 da rua Antonio Botelho.

O salão da cervejaria media 4 metros de largura por 8 metros de comprimento, e tanto as paredes quanto o chão eram de tijolos. Seis mesas ficavam instaladas dentro do salão, com seus respectivos bancos. Em duas dessas mesas, no lado direito de quem entrava na cervejaria, estavam vários italianos cantando em voz alta. Sobre essas mesas 18 garrafas de cervejas tinham sido servidas; 5 delas ainda estavam cheias e as 13 restantes vazias.

Como em Mineiros fosse proibido esse tipo de barulho noturno, o subdelegado advertiu os boêmios italianos, aconselhando-os a abandonarem o local. Dentre eles havia um, de nome Carlos Giovanetti, com 28 anos de idade, casado e natural da Itália, que parecia liderar os demais; falava alto e desacatou o subdelegado, desafiando para uma briga de rua.

Durante a discussão, vários italianos saíram do estabelecimento e se postaram ao lado da porta, na rua, de modo que, quando também saiu o subdelegado, ele foi seguro pelos italianos. Então Carlos Giovanetti sacou de uma navalha e aplicou um corte profundo no pescoço de José Ferrinho Teixeira, 32 anos, casado, natural de São Carlos, que faleceu no local.

O barulho do crime atraiu muitos moradores à rua, fazendo com que o assassino fugisse em direção à estrada da Estação da Cia. Rio Claro, perseguido pelo Inspetor de Quarteirão e vários populares. Nessa mesma estrada vinha caminhando sossegadamente, de encontro ao fugitivo, o rapaz Valério Firmino de Oliveira, 19 anos de idade, natural de Dois Córregos, açougueiro, residente em Mineiros, que saltou sobre o assassino, atendendo assim aos apelos do Inspetor de Quarteirão Adolpho Ribeiro dos Santos. Durante a luta, Valério e Adolpho conseguiram imobilizar o violento Giovanetti, que desse modo foi conduzido à prisão.

Os seis que tinham segurado o subdelegado durante o assassinato, eram. Felício Valcezia, Egyddio Valcezia, Belloti Pietro, Serafim Antonio da Silva (único português do grupo) e Estevão e Gabriel Giovanetti, irmãos do assassino. Depois da malfeitoria, eles ficaram escondidos na fábrica de macarrão "Romana" ena olaria Irmãos Giovanetti. E quando foram descobertos, suas roupas e mãos ainda estavam sujas com o sangue da vítima, o que foi utilizado nos autos do processo como prova incriminatória.

Os acusados foram julgados em Dois Córregos, mas o primeiro julgamento foi muito tumultuado. Numa das sessões, por exemplo, estando à sala completamente lotada, o Juiz foi obrigado a pular a janela para poder sair em seu costumeiro passeio noturno. Houve apelação da parte dos advogados da defesa, acolhida pelo Supremo, o que provocou um novo julgamento.

Finalmente o réu Cartos Giovanetti foi condenado a 6 anos de prisão celular. E Serafim Antonio da Silva, Estevão Giovanetti e Gabriel Giovanetti, para citar somente os que tiveram penas iguais, foram perdoados através do Decreto nº. 1.145, de 14 de julho de 1903. Se tivessem de cumprir normalmente suas penas, teriam ficado 18 anos e 8 meses na cadeia.

SILVILINO BOTELHO, O HOMEM QUE VENCEU O TENENTE GALINHA Depois da proclamação da República, foi criada em São Paulo a Delegacia de Vigilância e Captura como forma de ajudar as pequenas delegacias do interior paulista na caça aos criminosos. Muito embora a Captura (esse era o seu nome popular) nem sempre honrasse a Lei; também agia a mando das oligarquias políticas, defendendo causas às vezes injustas.

O pelotão de Captura saía com ordem de fuzilar os criminosos que a ele resistissem, e sua existência foi, portanto uma trilha pontilhada de mortes O mais famoso delegado da Captura foi o tenente Galinha, apelido pelo qual era conhecido João Antonio de Oliveira, temido pelos malfeitores, pois tinha conseguido prender o perigoso Dioguinho, um bandido igualmente célebre. Tenente Galinha, além disso, era frio e maldoso, sendo bem conhecidas as arbitrariedades que cometia em suas andanças. Numa certa cidade, por exemplo, em que chegou com seus homens sem serem convidados, os donos tinham escondido a comida, com a desculpa de que ela se havia acabado; mas ao revistar a casa os soldados encontraram a comida, provocando no tenente atos de extrema vingança. Os convidados foram obrigados a dançarem nus e o tenente Galinha estuprou a noiva, depois de torturar o noivo a ponto de deixa-Io com problemas mentais.
Mineiros do Tietê, por outro lado, possuía um exímio atirador, de nome Silvilino Botelho, que costumava escrever as iniciais de seu nome com tiros de revólver nos troncos das árvores, somente para treinar sua pontaria.

Silvilino tinha um sítio no bairro de Capim Fino, sendo ainda proprietário de uma máquina de benefício de café. Certa feita um de seus empregados, que namorava uma moça sem que a família dela aprovasse, foi morto pelo pai da moça com uma facada, depois de uma discussão entre os dois. Ao tomar conhecimento do crime, Silvilino se dirigiu à casa do assassino para tentar prendê-Io, mas houve reação e nova morte aconteceu: Silvilino terminou matando o homem.

Devido à gravidade dos fatos, a Subdelegacia de Mineiros pediu a presença da Captura, que mandou um pelotão chefiado justamente pelo tenente Galinha. Silvilino estava pegando um cavalo no pasto, quando percebeu um soldado que chegava apontando-o com o dedo; com muita agilidade rastejou até à casa da fazenda, pedindo à sua mulher que carregasse as armas, já que ela também entendia de armamentos, sendo boa atiradora. Na troca de tiros que se seguiu, um dos soldados foi morto. E o

(25) - Depoimento prestado pelo Dr. Wanderico de Arruda Moraes. delegado da antiga Delegacia de Vigilãncia e Captura. Já numa
rua em que ela havia abandonado métodos violentos. Nasceu em 30 de dezembro de 1911 em Jaú, onde reside.


Tenente Galinha, alojado atrás do mourão da porteira, por descuido deixou um de seus joelhos à mostra, o qual foi atingido por uma bala certeira disparada por Silvilino Botelho. Com o joelho arruinado, tenente Galinha ordenou a retirada do pelotão, ficando muito tempo internado para se recuperar do ferimento. E como o irmão de Silvilino, Theotônio Botelho, fosse um político local de forte influência, o caso acabou resolvido através da justiça comum.

Desse modo a Captura não mais retomaria a Mineiros. E João Antonio de Oliveira, o famigerado tenente Galinha, perderia a vida de forma trágica, em crime passional ocorrido na cidade de São Paulo. Na madrugada de 13 de abril de 1913, foi assassinado enquanto dormia na própria cama, pelo amante de sua mulher.

Proxima Página >>