MUTIRÃO
PARA CASAS POPULARES (PROJETO MORADIA ECONÔMICA)
A
atual administração implantou o sistema "mutirão"
para construir 112 casas populares. Os beneficiários receberam
da Prefeitura os lotes de terras, plantas já aprovada, sendo
que as lajotas, pedras, terras e materiais para a cobertura das
casas, estão sendo financiados em prestações.
Constam ainda nos planos do Prefeito Municipal José Dirceu
Alves, novos investimentos no setor de moradias populares.
INTERNATOS
PARA IDOSOS
CASA
SÃO VICENTE DE PAULO
A fundação desse abrigo de idosos se deve a alguns
membros da Ordem Vicentina - de Mineiros do Tietê. Por volta
de 1943, os senhores Natal Levorato, Antonio Tavares Bueno, João
Peceguini e Joaquim Ferreira Henriques, compraram um grupo de pequenas
casas na rua Dr. Antonio Teixeira Sobrinho, nas proximidades do
atual Centro Catequético, dando assistência a várias
famílias pobres.
Em 23 de abril de 1961, sob a iniciativa de Joaquim Ferreira Henriques,
que viria a ser o primeiro presidente da entidade, a Casa São
Vicente de Paulo foi legalmente constituída, definindo sua
diretriz básica de abrigar idosos carentes, e sem finalidades
lucrativas. Atualmente esse asilo se localiza na rua Antonio Botelho,
n° 774, tendo na presidência Neide Testa Feltre e como
Vice seu marido, Avelino Feltre. É uma entidade de orientação
Católica e puramente filantrópica.
LAR ESPÍRITA "JOSÉ GONÇALVES"
Esse
abrigo para idosos foi inaugurado em 9 de novembro de 1940, quando
era Presidente do Centro Espírita o senhor Fernando Martinez
(fJ1ho de Marcelino Martinez, que fundou a unidade espírita
mineirense em 22 de março de 1923). O Lar Espírita
abriga atualmente 18 idosos de ambos os sexos, fornecendo-lhes alimentação,
roupas, recreação e assistência médica
gratuitas. Seu nome é uma homenagem a José Gonçalves
da Silva, assistente social do Centro Espírita na época
em que o Lar foi fundado.
O
atual prédio do Lar Espírita foi inaugurado em 30
de agosto de 1974, localizando-se na rua Municipal, nº. 345,
em substituição ao antigo que ficava situado na mesma
rua. Atualmente acumula a presidência do Lar e do Centro Espírita
o senhor Orson Peter Carrara.
CASAS
DE ATENDIMENTO AOS MENORES
CENTRO
DE PROMOÇÃO SOCIAL DE MINEIROS DO TIETÊ
Mesmo
sendo encarregado da distribuição de leite em pó
e mantimentos à
população carente, o Centro de Promoção
Social engloba duas áreas básicas de atendimento ao
menor: o Berçário "Dr. Pedro Antonio Mercadante"
e a Escola de Educação Especial "Carinho"
que atende aos excepcionais.
Fundado
em 28 de agosto de 1978 pelo prefeito Dr., Luiz Mercadante, teve
como primeira presidente a senhora Neuza Thereza Mercadante. Essa
instituição foi considerada de utilidade pública
pela Lei municipal nº. 214, de 04 de março de 1980.
Está localizado na rua Municipal, nº. 445, tendo como
atual Presidente a senhora Maria Aparecida Pinho Palumbo Alves.
A
HISTÓRIA DO TERRENO DA CASA DA CRIANÇA
O terreno em que atualmente está instalada a Casa da Criança
pertencia antes à Igreja Católica. Em escritura passada
em 31-07-1887, Antonio de Paula Garcia e sua mulher doaram uma pequena
gleba para a formação do patrimônio da Paróquia,
o mesmo acontecendo em 15-08-1887 com a doação de
uma gleba vizinha por Cândido José de Souza e sua mulher,
saídas ambas de uma chácara de 3 alqueires.
Juntas,
essas duas doações formavam uma área de 2.125
metros quadrados, mas não foram incluídas na Provisão
que autorizou a construção da Igreja Matriz em 1887,
passada pelo Bispo de São Paulo, D. Lino Deodato Rodrigues
de Carvalho.
Também em 1910, a Provisão que criaria a Paróquia
novamente não as relacionou; como os doadores não
eram condôminos da fazenda Mineiros, não seria insensato
deduzir que também eles buscavam uma escritura oficial de
doação, procurando legitimarem-se como proprietários.
E
em 8 de maio de 1973, a Mitra Diocesana de São Carlos doou
essa área de 2.125 metros quadrados à Casa da Criança,
sendo que doação foi feita sob a condição
de ser mantida a direção católica na Casa da
Criança de Mineiros do Tietê e no caso de dissolução
passará os bens imóveis para outra instituição
congênere assistencial a critério da autoridade eclesiástica,
conforme consta na escritura pública de doação
(Livro 81, fls. 112-verso, passada em Jaú).
Como
Presidente da instituição, coube à professora
Aldagisa Miranda Bueno (mais conhecida como "Dona Maninha"),
assinar a escritura pela Casa da Criança, exercendo ela,
ainda hoje, a direção da entidade. A Casa da Criança
havia sido fundada em 22 de outubro de 1955, sendo legalmente constituída
em 22 de outubro de 1961. É considerada de utilidade pública
por leis do Município, do Estado e do Governo Federal.
INFORMAÇÕES
GEOGRAFICAS
Informações
Gerais
Latitude:
22° 17'
Longitude: 48 C
ALTITUDE
MÉDIA: 639 m. em sua sede municipal.
LOCALIZAÇÃO:
Área central do Estado, no Planalto Ocidental Paulista; na
região conhecida popularmente como vale do médio Tietê.
Micro-região de Jaú.
SUPERFICIE:
198 Km2.
CLIMA:
Tropical úmido
LIMITES:
Norte: Jaú e Dois Córregos. Leste: Dois Córregos.
Sul: São Manuel. Oeste: Barra Bonita.
SOLO:
No Planalto Ocidental a rocha comum é o arenito, resultando
em solos pobres, arenosos e facilmente erodidos. Nesse mesmo Planalto,
contudo, aparece o mais rico tipo de solo do País, a famosa
terra roxa, resultante da decomposição do basalto.
Mas são manchas (de terra roxa) que afloram num solo que
tem como característica geral o estrato de arenito. Essas
manchas de terra roxa não ocupam, porém, mais do que
2% da área total do estado de S. Paulo.
FORMAÇÃO
SERRANA formação serrana que acompanha o lado esquerdo
do rio Tietê recebe sucessivamente,
no município de Mineiros do Tietê, os nomes de serra
Saldanha Marinho (ou serra do Morro Alto), serra do Saltinho e serra
do Banharão. A principal elevação é
o morro da Pedra Branca, no baixão da serra Saldanha Marinho
(ou Morro Alto).
CURSOS
D'ÁGUA
Tietê é o principal, hoje transformado num grande lago
regional, depois da construção da represa de Barra
Bonita. Essas águas servem de divisa entre os municípios
de Mineiros do Tietê e São Manuel. Ribeirões:
ribeirão São João, ribeirão da Prata,
ribeirão Maurício Machado (córrego da Onça),
ribeirão da Água Vermelha, ribeirão Três
Barras e ribeirão Ave Maria. Córregos (somente os
principais): córrego Jacutinga, córrego Santa Estefânia,
córrego Gavião, córrego do Borralho, córrego
da fazenda Três Barras.
SALTOS
O
salto D. Pedra 11, com cerca de10 metros de altura, é o mais
importante do Município. Localiza-se no ribeirão São
João, em área urbana hoje denominada Parque Ecológico
(gestão de José Figueiredo).
DIVISAS
DO MUNICÍPIO
O
Decreto-Lei Estadual nº. 9.775, de 30 de novembro de 1938,
estabeleceu novas divisas para o município de Mineiros, então
pertencente à comarca de Dois Córregos. Esse Decreto
aumentou a superfície municipal passando a abranger Saldanha
Marinho, a estação Falcão Filho, (até
às proximidades de Campos Salles), a estação
velha do Banharão e o Porto Maurício Machado. E foi
cedida à cidade de Barra Bonita a fazenda São Pedro
(na Água Sumida), e a Dois Córregos as fazendas Santa
Leocádia e São Silvestre, no bairro do Gavião.
Toda a zona dos Campos passou, portanto a fazer parte do município
de Mineiros. E o Decreto de 19/01/1945 confirmaria estas divisas.
COM
O MUNICIPIO DE JAÚ
Começa,
no espigão mestre Tietê Jaú, em frente à
cabeceira do córrego da fazenda Ferraz do Amaral, vão
daí em reta à barra do córrego Jacutinga, sobem
por aquele até sua cabeceira, ganham a cabeceira mais meridional
do córrego Santa Estefânia e por este abaixo até
o ribeirão São João e por este ainda até
à boca do córrego Gavião.
COM
O MUNICÍPIO DE DOIS CÓRREGOS
Começa
no ribeirão São João, onde deságua o
c6rrego Gavião, sobem por este até sua cabeceira mais
meridional, vão daí em reta à cabeceira mais
meridional do córrego do Borralho, prosseguem pelo divisor
que deixa, à direita, as águas do ribeirão
São João e, à esquerda, as do ribeirão
da Prata, afluente do Turvo, até cruzar com o espigão
que deixa à esquerda as águas deste último
e, à direita, as do ribeirão da Água Vermelha,
pelo qual caminha até frontear a cabeceira mais setentrional
do ribeirão Maurício Machado, pelo qual descem até
o rio Tietê.
COM
O MUNICÍPIO DE SÁO MANUEL
Começa
no rio Tietê, onde faz barra o ribeirão Maurício
Machado e vão pelo rio abaixo até a embocadura do
ribeirão Água Vermelha.
COM
O MUNICÍPIO DE BARRA BONITA
Começam
no rio Tietê onde descarrega o ribeirão Água
Vermelha, sobem por este até a embocadura do c6rrego da fazenda
do Doutor Wernek e vão por este acima até sua cabeceira
mais setentrional, continuam pelo espigão que deixa, à
direita, as águas do ribeirão das Três Barras,
até a confluência do c6rrego da fazenda Três
Barras, no último ribeirão e daí em reta, à
nascente do Córrego da fazenda Francisco, e deste ponto,
em reta à nascente da água da fazenda Boa Vista e,
depois, atingem o espigão mestre Tietê-Jaú,
no cruzamento do contraforte que deixa, à esquerda, as águas
do ribeirão Ave Maria, onde tiveram início estas divisas.
SÍMBOLOS
OFICIAIS DO MUNICÍPIO
O
BRASÃO
O
Brasão de Armas da Cidade e Município de Mineiros
do Tietê, idealizado pelo Dr. Lauro Ribeiro Escobar, com base
no projeto do Rev. Pe. Francisco Buck Ferreira, foi adotado a partir
da aprovação da Lei nº. 49, de 12 de agosto de
1974, aprovada pela Câmara e sancionada pelo Prefeito Municipal,
José Figueiredo.
Essa mesma Lei, em seu Artigo 30, dá estas explicações
sobre a figura do Brasão:
I
- O escudo redondo, ou ibérico, era usado em Portugal
à época do descobrimento do Brasil e sua adoção
representa homenagem do Município de Mineiros do Tietê
aos primeiros colonizadores e desbravadores de nossa Pátria.
II - O metal ouro é representativo de riqueza,
esplendor, glória, nobreza, poder, força, fé,
prosperidade, soberania e mando, lembrando que pelo esforço
conjugado dos munícipes, à fé no grandioso
futuro que nos espera, poderá o Município de Mineiros
do Tietê, aspirar ao esplendor, à prosperidade e à
glória.
III- A banda ondada de Blau (azul), lembra a riqueza
hidrográfica do Município e em especial o lendário
rio Tietê, rota dos audazes bandeirantes e ainda o salto D.
Pedro II.
IV - A cor blau (azul) tem o significado heráldico
de justiça, formosura, doçura, nobreza, firmeza incorruptível,
virtude, dignidade, zelo e lealdade, representando os atributos
de administradores e munícipes.
V - A coroa imperial, do Segundo Império,
de ouro forrada de sinople (verde), evoca a visita que S.M.I D.
Pedro 11, o Magnânimo, fez ao Município, hospedando-se
em local que é conservado carinhosamente pelo povo mineirense
como marco histórico.
VI - As estrelas indicam esplendor e nobreza, luz
nas trevas da noite, guia seguro, aspiração a coisas
superiores e às ações sublimes, esperança
de sucesso em empresa arriscada, lembrando os naturais de Minas
Gerais que se instalaram no local onde se situa o Município,
dando lugar ao atual nome deste.
VII - A cruz latina de blau (azul) indica a profunda
fé cristã do povo de Mineiros do Tietê, e da
primitiva Capela de Santa Cruz erigida nos primórdios da
povoação. A cruz, juntamente com as palmeiras, se
investe de significado parlante, evocando o primeiro nome do povoado,
Santa Cruz das Palmeiras. Lembra ainda a cruz, o Santíssimo
Padroeiro do Município, Senhor Bom Jesus.
VllI - A coroa mural é o símbolo
da emancipação política, e, de prata, com oito
torres, das quais apenas cinco estão aparentes, constitui
a reservada às cidades. As portas abertas de sable(preto)
proclamam o caráter hospitaleiro do povo de Mineiros do Tietê.
IX - O ramo de cafeeiro e a haste de cana de açúcar,
ambos produzindo, afirmam a fertilidade das terras generosas de
Mineiros do Tietê, de que constituem importantíssimos
produtos.
X - No listel, a divisa "Virtus ex honore",
isto é, valor que decorre da honra, é a tradicional
do Município, hino de gloria dos mineiros tieteenses para
louvar a terra natal e que proclama: - "A honradez de teus
filhos é o pedestal da tua força".
Já
o Artigo dessa Lei, determina que o uso do Brasão seja exclusivo
dos
Poderes Públicos Municipais.
A
BANDEIRA MUNICIPAL
A Lei nº. 49, de 12 de agosto de 1974, que institui o Brasão,
também adota a Bandeira do Município, onde conste
o Brasão; em seu Artigo 50., é descrito o formato
da Bandeira:
“...
de formato retangular, de amarelo, com uma banda ondada de azul,
carregada do Brasão de Armas a que se refere o Artigo 'JY.
e acompanhada de duas estrelas de cinco pontas de azul."
Já o Artigo 60., estabelece as medidas oficiais desse símbolo:
"A Bandeira ora instituída tem as proporções
da Bandeira Nacional, isto é, 14 (catorze) m6dulos de altura
por 20 (vinte) m6dulos de comprimento; a banda tem 6 (seis) m6dulos
de largura, o Brasão de Armas 4,5 (quatro e meio) módulos
de altura e as estrelas se inscrevem em um círculo te6rico
de 4 (quatro) m6dulos de diâmetro."
O
Artigo 70., por sua vez, estabelece que a apresentação
e honras devidas aos símbolos de Mineiros do Tietê,
devem ser reguladas, no que couber, pela legislação
federal.
O
BRASÃO ANTIGO
Quando
o padre Francisco de Sane Buck Ferreira fez o esboço de um
brasão e redigiu seu texto heráldico, o desenho final
desse primeiro brasão foi feito por Renato Belucci; e ele
foi logo adotado e divulgado entre a população.
Mas
a Lei 49, que instituiu o novo brasão, criado pelo mesmo
padre, não dá nenhuma explicação sobre
a extinção do brasão anterior. O brasão
atual tem uma vantagem sobre o antigo: possui traços mais
suaves. Mas não deixa de ser uma cópia modificada
do brasão anterior. E, além disso, razões de
ordem artística não justificam a substituição
de um símbolo oficial. Seus principais atributos são
a tradição e o respeito popular. Não fosse
isso, nosso Hino Nacional, de letra longa e demasiadamente romântica
para os tempos que correm já teria sido mudado há
décadas.
O
FOLCLORE
FESTA
DE SANTO ANTÔNIO
A
Festa ao padroeiro Santo Antônio de Pádua é
a mais importante e antiga do Município; a benção
oficial ao Oratório da capela de Santo Antônio foi
feita em 10 de junho de 1904, realizando-se a procissão no
dia 13 seguinte.
Em
7 de fevereiro de 1908 foi realizada outra importante procissão,
em louvor a Santa Luzia, mas essa tradição não
perdurou. Em 1954 a capela de Santo Antônio foi demolida,
sendo reconstruída a partir daquele ano, sendo que a benção
da pedra fundamental aconteceu em 20 de fevereiro de 1954, com a
presença do Bispo da Diocese de S. Carlos. A antiga capela
de Santo Antônio, inaugurada em 1904 e demolida em 1954
A
Procissão em louvor a Santo Antônio, bem como a famosa
quermesse (a tômbola, o correio-elegante, o churrasco e o
leilão de gado sempre atraíram visitantes das mais
diversas cidades), exemplificam uma cultura popular que se fortalece
com o passar dos anos.
PROCISSÃO
DE SANTO ANTONIO, DÉCADA DE 1950
Na
década de 1960, tendo a frente o padre Alfredo do Rio. (Eram
três irmãos mineirenses, todos os padres, chamados
carinhosamente de "os três do Rio", parodiando assim
o nome de um famoso conjunto musical daquela época).
O UNHUDO DA PEDRA BRANCA
A
Pedra Branca, principal elevação do município
de Mineiros do Tietê, fica no baixão da serra de Saldanha
Marinho, também conhecida como serra do Morro Alto. E possui
uma história muito rica, onde lenda e realidade sempre andaram
juntas.
O
causo mais conhecido é o "Unhudo da Pedra Branca",
uma história de tradição oral que fala de um
homem cabeludo e de grandes unhas; ele moraria, segundo a lenda,
em uma caverna oculta na Pedra. Como as matas da Pedra Branca possuem
muitas jabuticabeiras silvestres, conta-se que o Unhudo não
aceitava a presença de estranhos a catar jabuticabas. Um
desses intrusos levou um tapa do Unhudo e foi acordar no outro lado
do rio Tietê, em Santa Maria da Serra, três dias depois
de ser atacado pelo homem da caverna.
O
caboclo Antenor Vieira de Almeida (24), antigo conhecedor daquelas
paragens do Morro Alto, pois morou bem próximo dali (na fazenda
Velha, que no início deste século pertenceu ao coronel
Horácio de Almeida Nobre), narra um causo acontecido com
o sitiante José Ramos, que morava nas vizinhanças
da Pedra Branca.
Em
sua narrativa, Antenor diz que José Ramos estava trepado
numa jabuticabeira, na mata da Pedra Branca, quando ouviu algo se
arrastando entre as árvores. E foi o próprio José
Ramos quem lhe afirmou que o Unhudo não mostrava ter pele
como um homem comum; parecia feito de um couro seco de animaI, encimado
por um chapéu de palha todo desfiado. E então o Unhudo
avisou que aquela jabuticabeira era dele e não podia ser
tacada. Como José Ramos já estivesse com a mão
na garrucha, ao ouvir aquilo disparou um tiro no Unhudo, e a partir
daí não viu mais nada. Acordou em lugar distante,
passou três dias perdido no mato, até ser encontrado
pelos seus filhos, que o levaram de volta para casa.
Essa
história foi repetida a este autor pelo caboclo Antônio
Pereira, que também morou nas cercanias do Morro Alto e atualmente
trabalha na fazenda de "Dudu" Aranha, no alto daquela
serra. Acrescentou ainda Antônio Pereira que o Unhudo às
vezes se escondia atrás dos troncos secos de árvores,
e se acaso passasse alguma boiada, então imitava a fala cantada
que os boiadeiros usavam para tocar seu gado:
- Ôoooh, ôoooh, boi!...
OS
RODEIOS
Por
volta de 1918, as corridas de cavalo eram a grande diversão
dos mineirenses. Todo domingo era "dia de raia", ficando
famosa a égua de propriedade do Clivanha, que costumava vencer
todas as corridas de que participava.
A
atual rua Allan Kardec era um dos locais preferidos para as corridas,
feitas em linha reta e com bom número de apostas. Elas atraíam
proprietários de animais das cidades vizinhas, além
de vendedores com barracas de doces, frutas, etc.
(24)
. Antenor Vieira de Almeida. Nascido 6 de setembro de 1907 em Muzambinbo-MG.
Aos 7 de idade veio com seus pais pelo em carro de boi de mudança
para a fazenda Velha (bairro de Ventania, Dois Córregos),
ali morando, na cidade de Dois Córregos.
Inauguração
da rua Allan Kardec, em 30-03-1969. Essa rua foi um dos locais preferidos
para as corridas de cavalo de antigamente. Muito embora a tradição
das corridas se tenha perdido, a eterna relação do
homem com o cavalo jamais se extinguiu em Mineiros, um Município
de fortes tradições rurais, principalmente no ato
de domar animais.
Tanto
que em 27 de setembro de 1987 foi fundada a Companhia de Rodeios
Espora Dourada, de Deoclécio Antonio Paro Junqueira, sediada
na fazenda Pedra Branca. Essa companhia possui 30 touros e 30 cavalos,
empregando um número que varia de 40 a 50 peões.
O
rodeio, parte integrante da cultura popular paulista, vem sendo
praticado pelo grupo que se formou em Mineiros do Tietê e
requisitado constantemente para apresentações em outros
municípios, a provar que essa arte resiste gloriosamente
ao tempo.
CRIMES
FAMOSOS
A
MORTE DO SUBDELEGADO FERRINHO
José
Ferrinho Teixeira morreu assassinado em 16 de maio de 1897. Como
naquele dia houvesse faltado o titular da Subdelegacia, Ferrinho
o substituiu, por ser o 21! Subdelegado nomeado. Na noite do crime
ele saiu acompanhado pelo Inspetor de Quarteirão Adolpho
Ribeiro dos Santos, para fazer a ronda noturna. Eram mais de sete
horas da noite quando os dois entraram na Cervejaria Santa Cruz,
no largo da Santa Cruz, de propriedade de Antonio Juliani. Esse
estabelecimento se localizava onde hoje está o n° 245
da rua Antonio Botelho.
O
salão da cervejaria media 4 metros de largura por 8 metros
de comprimento, e tanto as paredes quanto o chão eram de
tijolos. Seis mesas ficavam instaladas dentro do salão, com
seus respectivos bancos. Em duas dessas mesas, no lado direito de
quem entrava na cervejaria, estavam vários italianos cantando
em voz alta. Sobre essas mesas 18 garrafas de cervejas tinham sido
servidas; 5 delas ainda estavam cheias e as 13 restantes vazias.
Como
em Mineiros fosse proibido esse tipo de barulho noturno, o subdelegado
advertiu os boêmios italianos, aconselhando-os a abandonarem
o local. Dentre eles havia um, de nome Carlos Giovanetti, com 28
anos de idade, casado e natural da Itália, que parecia liderar
os demais; falava alto e desacatou o subdelegado, desafiando para
uma briga de rua.
Durante
a discussão, vários italianos saíram do estabelecimento
e se postaram ao lado da porta, na rua, de modo que, quando também
saiu o subdelegado, ele foi seguro pelos italianos. Então
Carlos Giovanetti sacou de uma navalha e aplicou um corte profundo
no pescoço de José Ferrinho Teixeira, 32 anos, casado,
natural de São Carlos, que faleceu no local.
O
barulho do crime atraiu muitos moradores à rua, fazendo com
que o assassino fugisse em direção à estrada
da Estação da Cia. Rio Claro, perseguido pelo Inspetor
de Quarteirão e vários populares. Nessa mesma estrada
vinha caminhando sossegadamente, de encontro ao fugitivo, o rapaz
Valério Firmino de Oliveira, 19 anos de idade, natural de
Dois Córregos, açougueiro, residente em Mineiros,
que saltou sobre o assassino, atendendo assim aos apelos do Inspetor
de Quarteirão Adolpho Ribeiro dos Santos. Durante a luta,
Valério e Adolpho conseguiram imobilizar o violento Giovanetti,
que desse modo foi conduzido à prisão.
Os
seis que tinham segurado o subdelegado durante o assassinato, eram.
Felício Valcezia, Egyddio Valcezia, Belloti Pietro, Serafim
Antonio da Silva (único português do grupo) e Estevão
e Gabriel Giovanetti, irmãos do assassino. Depois da malfeitoria,
eles ficaram escondidos na fábrica de macarrão "Romana"
ena olaria Irmãos Giovanetti. E quando foram descobertos,
suas roupas e mãos ainda estavam sujas com o sangue da vítima,
o que foi utilizado nos autos do processo como prova incriminatória.
Os
acusados foram julgados em Dois Córregos, mas o primeiro
julgamento foi muito tumultuado. Numa das sessões, por exemplo,
estando à sala completamente lotada, o Juiz foi obrigado
a pular a janela para poder sair em seu costumeiro passeio noturno.
Houve apelação da parte dos advogados da defesa, acolhida
pelo Supremo, o que provocou um novo julgamento.
Finalmente
o réu Cartos Giovanetti foi condenado a 6 anos de prisão
celular. E Serafim Antonio da Silva, Estevão Giovanetti e
Gabriel Giovanetti, para citar somente os que tiveram penas iguais,
foram perdoados através do Decreto nº. 1.145, de 14
de julho de 1903. Se tivessem de cumprir normalmente suas penas,
teriam ficado 18 anos e 8 meses na cadeia.
SILVILINO
BOTELHO, O HOMEM QUE VENCEU O TENENTE GALINHA Depois da proclamação
da República, foi criada em São Paulo a Delegacia
de Vigilância e Captura como forma de ajudar as pequenas delegacias
do interior paulista na caça aos criminosos. Muito embora
a Captura (esse era o seu nome popular) nem sempre honrasse a Lei;
também agia a mando das oligarquias políticas, defendendo
causas às vezes injustas.
O
pelotão de Captura saía com ordem de fuzilar os criminosos
que a ele resistissem, e sua existência foi, portanto uma
trilha pontilhada de mortes O mais famoso delegado da Captura foi
o tenente Galinha, apelido pelo qual era conhecido João Antonio
de Oliveira, temido pelos malfeitores, pois tinha conseguido prender
o perigoso Dioguinho, um bandido igualmente célebre. Tenente
Galinha, além disso, era frio e maldoso, sendo bem conhecidas
as arbitrariedades que cometia em suas andanças. Numa certa
cidade, por exemplo, em que chegou com seus homens sem serem convidados,
os donos tinham escondido a comida, com a desculpa de que ela se
havia acabado; mas ao revistar a casa os soldados encontraram a
comida, provocando no tenente atos de extrema vingança. Os
convidados foram obrigados a dançarem nus e o tenente Galinha
estuprou a noiva, depois de torturar o noivo a ponto de deixa-Io
com problemas mentais.
Mineiros do Tietê, por outro lado, possuía um exímio
atirador, de nome Silvilino Botelho, que costumava escrever as iniciais
de seu nome com tiros de revólver nos troncos das árvores,
somente para treinar sua pontaria.
Silvilino
tinha um sítio no bairro de Capim Fino, sendo ainda proprietário
de uma máquina de benefício de café. Certa
feita um de seus empregados, que namorava uma moça sem que
a família dela aprovasse, foi morto pelo pai da moça
com uma facada, depois de uma discussão entre os dois. Ao
tomar conhecimento do crime, Silvilino se dirigiu à casa
do assassino para tentar prendê-Io, mas houve reação
e nova morte aconteceu: Silvilino terminou matando o homem.
Devido
à gravidade dos fatos, a Subdelegacia de Mineiros pediu a
presença da Captura, que mandou um pelotão chefiado
justamente pelo tenente Galinha. Silvilino estava pegando um cavalo
no pasto, quando percebeu um soldado que chegava apontando-o com
o dedo; com muita agilidade rastejou até à casa da
fazenda, pedindo à sua mulher que carregasse as armas, já
que ela também entendia de armamentos, sendo boa atiradora.
Na troca de tiros que se seguiu, um dos soldados foi morto. E o
(25)
- Depoimento prestado pelo Dr. Wanderico de Arruda Moraes. delegado
da antiga Delegacia de Vigilãncia e Captura. Já numa
rua em que ela havia abandonado métodos violentos. Nasceu
em 30 de dezembro de 1911 em Jaú, onde reside.
Tenente Galinha, alojado atrás do mourão da porteira,
por descuido deixou um de seus joelhos à mostra, o qual foi
atingido por uma bala certeira disparada por Silvilino Botelho.
Com o joelho arruinado, tenente Galinha ordenou a retirada do pelotão,
ficando muito tempo internado para se recuperar do ferimento. E
como o irmão de Silvilino, Theotônio Botelho, fosse
um político local de forte influência, o caso acabou
resolvido através da justiça comum.
Desse
modo a Captura não mais retomaria a Mineiros. E João
Antonio de Oliveira, o famigerado tenente Galinha, perderia a vida
de forma trágica, em crime passional ocorrido na cidade de
São Paulo. Na madrugada de 13 de abril de 1913, foi assassinado
enquanto dormia na própria cama, pelo amante de sua mulher.
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